Finalmente a primeira viagem documentada! Trindade/ Paraty – 26 e 27/11/2011

Ou pode chamar de “A Viagem que não era pra ser, mas foi e foi demais”

Depois de um ano extremamente conturbado no que diz respeito a viagens de moto, onde tive um sério problema que me impediu de fazer a única relativamente longa que havia planejado para Santa Catarina e prejudicou todas as outras mais curtas que poderiam ter ocorrido, sendo que a única que insisti em fazer ainda me rendeu uma bela multa, para não deixar o ano passar em branco, decidi visitar um lugar que não pode faltar na lista pelo menos uma vez ao ano desde que comecei a andar de moto: Paraty/ Trindade.

Chuvas e adiamentos pareciam levar o plano por água abaixo, mas resistimos e ficou acordado com o amigo Neumar (http://neumar.blogspot.com) que a viagem ocorreria, faça chuva ou sol, no final de semana de 26 e 27 de novembro, logo antes do início da temporada de férias. Ele teria um tempo livre antes, então sairia na sexta-feira e eu no sábado, e nos encontraríamos por lá.

Com a data marcada e sem a menor vontade de acampar, partimos para a reserva de pousadas em Trindade. O valor da primeira consultada estava totalmente fora do orçamento e na segunda ele conseguiu sua reserva, mas tentei ligar algumas vezes e não consegui contato. Nisso, enviei um e-mail perguntando os valores da diária, a disponibilidade e fui respondido na sexta-feira às 11:30 da noite com a simples informação: CONSULTE O SITE DA POUSADA. Obviamente, esse tipo de informação não estava lá, por isso eu havia mandado o e-mail em primeiro lugar! Atendimento ao cliente nota 10! [/modo irônico] Se um dia forem para aqueles lados, evitem a Pousada do Cambucá, ainda tive a felicidade de saber depois que além de mais cara, o quarto onde fiquei era melhor :). Devido ao horário, resolvi partir sem reserva, afinal, o máximo que aconteceria seria dormir na rua, o que não é nada de outro mundo em um lugar como esse.

Dia 1

Às 6:00 da manhã em ponto do sábado, iniciei o trajeto, que seria pela Via Anchieta, Rod. Con. Domenico Rangoni e finalmente a incrível Rio-Santos até o destino, até que ainda na Anchieta, na região do Riacho Grande, me deparei com um lindo nascer do sol que refletia na represa. Resolvi parar no acostamento para tirar uma foto, o que se mostrou uma péssima idéia logo adiante, pois além de não ter conseguido um bom ângulo, uma vez que as grades que separam as pistas acabaram obstruindo a visão da represa, a medida que me aproximava da descida da serra, comecei a perceber que a moto se comportava de forma estranha. Quando comecei a descer, notei o motivo: Pneu furado! Por ser sem câmara, acabei não notando de imediato. A moto carregada acelerava o processo de esvaziamento, então parei imediatamente na primeira área de escape que encontrei, entrei na internet com o celular para encontrar o telefone da concessionária responsável e solicitei o resgate.

Foto fatídica

Resultado da foto

Com o tempo que estava perdendo em uma viagem relativamente longa para um único final de semana como essa, comecei a pensar que a viagem tinha terminado ali, o que piorou quando o resgate chegou (nota 10 de verdade pra eles por sinal, bastante atenciosos e levaram menos tempo pra chegar do que eu esperava), pois devido ao tamanho do furo, não era possível encher novamente o pneu para que eu seguisse até o borracheiro no final da serra. Foi preciso colocar a moto no caminhão e retornar 12 quilômetros até a borracharia mais próxima, que devido ao horário, ainda poderia estar fechada. Felizmente não estava, foi feito o remendo com o famoso “macarrãozinho”, no qual não confiava nem um pouco e depois de uma hora e meia de viagem perdidos, resolvi retomá-la. Desci a serra bastante desconfiado com o remendo e quando cheguei na metade dela, havia um acidente entre dois caminhões que interditou a descida. Trafegando entre os carros (e dando graças a Deus por ter deixado os baús laterais em casa, senão não passaria!!!) consegui chegar ao início da interdição exatamente no momento em que a estrada foi liberada. Mais um susto em Cubatão, quando uma motorista entrou na faixa da esquerda onde eu estava sem sinalizar e sem olhar no retrovisor, mas depois disso, a viagem correu de forma tranquila através da belíssima paisagem e o aumento de confiança no pneu até permitiu algumas brincadeiras no caminho (os limitadores das pedaleiras e os raspadores das botas é que não gostaram nada disso).

Minha pequena admirando a paisagem

E que paisagem!!!

7 horas depois, o que é uma ótima média devido ao problema com o pneu, chego a Trindade que felizmente não estava cheia e iniciei a busca por uma pousada. Por sorte, a primeira onde parei tinha vagas e um preço pagável. Era a Pousada Céu e Mar (ou qualquer coisa do tipo), por R$ 80,00 a diária, sem café da manhã. Para quem procura algo simples e agradável, é recomendada. Já hospedado e livre da toda a parafernália de segurança, após a chegada do Neumar, que a pouco havia voltado de um passeio pelo famigerado trecho entre Paraty e Cunha da Estrada Real, que eu não quis encarar por não ter moto adequada para isso (por enquanto), almoçamos um ótimo bobó de camarão em frente a Praia dos Ranchos admirando as belezas naturais (humanas também! rs) e andamos pelas trilhas bastante cansativas para sedentários como nós, que levam às praias do Meio e do Cachadaço, seguindo até a piscina natural dessa última. Na volta, mais algumas paradas para fotos e a noite curtimos um pouco de álcool, que pra mim é raro, e ótima música ao vivo em um barzinho da vila.

Belo lugar para almoçar

Visão da trilha

Último destino a frente (sem fotos)

Dia 2

Eu estava meio em dúvida sobre seguir por um caminho diferente na volta, o que aumentaria bastante a quilometragem mas teria boas paisagens para ver, então para não ir embora muito tarde, às 9:00 da manhã seguimos para Paraty, onde demos uma volta pelo centro histórico, compramos souvenires e almoçamos em um restaurante italiano bastante agradável. Só não sei se a comida típica era boa, comemos peixe! rs

Recém-chegados

Ruas do centro histórico

Ótimo restaurante

Rio Perequê-Açu

A uma da tarde, chegou minha hora de partir, enquanto o Neumar iria mais tarde. Apenas quando comecei a me vestir com toda a parafernália de novo decidi que seguiria pelo caminho mais longo e desconhecido pra mim. Quando montei o trajeto pelo Google Maps em casa, anotei os nomes das cidades e as trouxe para marcar no GPS durante o caminho, já que ele não entenderia se eu informasse apenas o destino.

1º Destino – Usina Nuclear Angra II

Saindo de Paraty, segui direto pela Rio-Santos, que tinha vários trechos em obras e um deles sem asfalto, com o objetivo de tirar algumas fotos externas da usina nuclear. Objetivo cumprido, mas a grandiosidade do lugar aliada a chuva que começava me levou a entrar, exatamente no momento em que ocorria uma apresentação para turistas. Infelizmente o tempo estava curto, então apenas tirei algumas fotos no centro de visitantes, ouvi um pouco da apresentação e quando os turistas seguiram em frente, eu saí para seguir viagem com chuva mesmo, afinal eu não sabia o que me esperava pela frente.

Usina

Maquete da usina

Maquete do reator

2º Destino – Rio Claro/ RJ

Sobre esse destino, cabe um comentário extra. Estava indo de carro ao Rio de Janeiro com meu pai há uns meses e perguntei para ele, que é da capital, se ele já havia descido a Serra da Bocaina seguindo no sentido da Usina. Ele me respondeu que fazia esse caminho com meu avô quando era adolescente para buscar feijão (não tinha feijão no Rio de Janeiro???), que na época a estrada era de paralelepípedos e tinha uma bela paisagem.

Nunca tinha andado em uma serra de paralelepípedos e tive uma tentativa de ir para Morretes no Paraná e descer a serra da Graciosa no início do ano frustrada, então tinha a esperança que ainda veria algo do tipo seguindo por esse caminho (detalhe: meu pai tem quase 70 anos, não sei onde eu estava com a cabeça ao pensar que ainda estaria dessa forma! rs).

Seguindo um pouco a frente pela Rio-Santos após a Usina, saí para a RJ-155, pela qual subiria a serra, quando por sorte a chuva também parou de cair. Obviamente ela já não era de paralelepípedos, mas uma placa logo no início já me colocou um sorriso no rosto:

PISTA ESTREITA E MUITO SINUOSA NOS PRÓXIMOS 72KM

Infelizmente não tirei foto da placa, mas é exatamente o tipo de pista onde gosto de andar e ainda por cima, lembrava um pouco o caminho para a vila de Visconde de Mauá, visitada um ano antes, mas com asfalto perfeito ao invés de terra batida. Iniciei a subida com um sorriso pelo incrível traçado e pela maravilhosa paisagem, quando depois de um tempo vejo uma placa informando que deveria utilizar a luz baixa no túnel que se aproximava. Já pensei que iria ser algo como a odiosa Imigrantes, com seus túneis impedindo de se ver qualquer coisa da linda Serra do Mar, mas fiquei totalmente surpreso quando cheguei: Era um túnel cravado na pedra da montanha, sem revestimento ou iluminação! Nunca tinha visto nada igual, era como uma caverna artificial!!! E com piso de paralelepípedo, rsrs Na surpresa, acabei não parando para registrar a incrível visão (já a sensação de passar por ele sem enxergar absolutamente nada, com farol alto ou baixo não tem como registrar), mas não cometi o mesmo erro no segundo. Parei no meio da pista para fotografar, não podia perder aquilo de novo!

Daí pra frente, passei por mais um túnel, o traçado da estrada continuou perfeito mas passou por algumas pequenas cidades, o que prejudicou um pouco o visual no final. Passada essa experiência incrível (talvez normal para quem viva mais perto da natureza, mas incrível pra mim), era hora de seguir para o próximo destino.

Estrada da alegria!

Prenúncio da alegria!

Mais alegria pela frente!

Foi como pilotar vendado...

Alegrias passadas!

3º Destino – Pouso Sêco

Saindo da RJ-155 antes que ela seguisse para Volta Redonda, peguei a RJ-139, com destino a Pouso Sêco. A mudança foi do vinho para a água. O asfalto se deteriorou muito e depois simplesmente desapareceu, voltando ainda pior até o vilarejo, totalmente sem atrativos.

4º Destino – Rodovia dos Tropeiros (Bananal, Arapeí, São José do Barreiro, Silveiras)

Impressionante como sempre que cruzamos a divisa com SP em qualquer lugar, o asfalto sempre melhora ou aparece!. Após cruzar essa divisa e seguir em direção a Bananal pela Rodovia dos Tropeiros, isso foi verdade por um tempo, no entanto, o matagal cobrindo totalmente o acostamento e lentamente invadindo (ou retomando dos homens) a pista mostra o total abandono da estrada e o asfalto também piorava muito em alguns trechos. Chegando na pequena e histórica cidade, notei algo que não fazia a menor idéia…. A Rodovia dos Tropeiros faz parte da Estrada Real! Mais um motivo para ser melhor cuidada pelo DER, pois esse supostamente deveria ser um roteiro turístico. Seguindo em frente, percebi que o governo estadual parece estar começando a olhar para essa região, pois alguns trechos da estrada estão com obras em andamento e totalmente sem asfalto, o que é melhor do que o asfalto em que andei! Mantinha cerca de 40 a 60km/h no asfalto e 80 na terra em alguns momentos!!! Além disso, as cidades estão ganhando portais de entrada e saída.

No mais, cidadezinhas bem agradáveis, acredito que no futuro poderá ser um bom roteiro turístico e cultural. Outra coisa que observei é que quando eu passava, totalmente equipado e com a moto carregada em pleno domingo a tarde, as pouquíssimas pessoas na rua me olhavam como um extraterrestre! rs Coisas de cidade do interior…

Cadê o asfalto???

Entrando em SP

Estrada que vai do céu ao inferno em minutos

Portal de Areias em construção

Registrando o local

5º Destino – Acompanhando o Paraíba (Cruzeiro, Cachoeira Paulista)

Ao se encontrar com a Dutra, termina a Rodovia dos Tropeiros, quando peguei a SP-052 em direção a Cruzeiro, para ver mais de perto o Rio Paraíba do Sul, que costumava ver apenas de longe quando passava pela Dutra a caminho do RJ. Acompanhei o rio por algum tempo na agradável cidade e segui para Cachoeira Paulista. Ao entrar nesta, quando passava pela ponte sobre o rio, noto uma linha de pipa chegando na região da bolha da moto, que a direcionaria exatamente para o meu pescoço! Juntei nos freios e gelei, a antena corta-cerol estava abaixada!!! Por sorte, os moleques que estavam soltando pipa conseguiram baixar a linha a tempo de eu passar. O que não entendo é o que leva esses infelizes a soltar pipa às margens da rodovia em pleno interior, onde não faltam espaços abertos para esse tipo de coisa!!! Fiz uma parada no acostamento logo depois pro sangue voltar a circular, cheguei a pensar em voltar pra tirar satisfações, afinal não eram tão moleques assim, mas decidi seguir em frente pra não estragar a viagem…

Só mais uma estrada do interior

Chegando a Cruzeiro

Cruzando o Paraíba

Ponte sobre o Paraíba (Cruzeiro)

6º Destino – CASA!!!

Passei rapidamente por Cachoeira Paulista, que já começa a perder o charme de cidade do interior por ser grande demais e comecei a seguir a caminho da Dutra, onde apertei o ritmo no sentido de Sampa. 3 pedágios, uma parada, um congestionamento e uma chuva torrencial depois, sem botas os luvas impermeáveis, e eu estava em casa feliz da vida!

Última parada

Dutra!!!

Resumo da ópera:

7 horas de estrada para ir, 9 horas para voltar, 2 riscos de morte, pouco mais de 900km rodados no total e faria tudo de novo no dia seguinte se pudesse!!!

Não contabilizei consumo da moto, que alcançou os 40.000km rodados nessa viagem mas os gastos totais foram (sem economias desnecessárias, afinal a viagem foi para divertir e desestressar, não para ficar contando moedas!):

– R$ 80,00 em hospedagem
– Por volta de R$ 110,00 em alimentação e bebidas
– R$ 15,00 no souvenir (achei caro!)
– R$ 150,00 em combustível e 3 pedágios (apenas na Dutra) e sobrou pouco mais de meio tanque quando cheguei, então poderia retirar por volta de R$ 25,00 dessa conta

Combustível mais caro: 3,139 Gasolina Ipiranga comum em Paraty
Combustível mais barato: 2,639 Gasolina BR aditivada no Graal mais próximo a Cachoeira Paulista

Velocidade extremamente variável, desde 130km/h na ida, já na parte mais reta da Rio-Santos na divisa SP/ RJ (não me condenem, estava com fome!!!) até 40km/h em trechos ruins da Rodovia dos Tropeiros na volta.

“Livro” concluído! Escrevo um novo na próxima viagem relevante, que espero que seja em breve!!!

Sobre stcowboy

Brasileiro, solteiro, 26 anos, apaixonado por música e carros/ motos.
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11 respostas para Finalmente a primeira viagem documentada! Trindade/ Paraty – 26 e 27/11/2011

  1. Neumar disse:

    Ficou legal! Não tenho mais paciência de escrever tanto assim, mas ficou ótimo com as imagens e tudo! E não peguei chuva, não peguei chuva! 😛
    Abraços.

  2. Peterson disse:

    Bela trip mano. No final do ano vou de sampa pra Paraty tmb, mais na volta eu vou esticar até Itanhaém pela Rio-Santos e depois casa. Pretendo fazer em uns 4 dias.
    Abraço!

  3. Noellen disse:

    Olá stcowboy, parabéns pela viagem, acabei de ver a indicação do blog no PN

    Pelas lindas imagens valeu a pena td a espera hein, é engraçado como as viagens que parecem que darão td errado …. é justamente uma das mais interessantes e recompensadoras 🙂 mas tomara que o próximo ano seja melhor, e assim, muitos post’s por aqui.

    Td de bom, boas estradas e se cuida, com uma Fz linda dessa tem é que aproveitar muito mesmo.

    Att Noellen.

    • stcowboy disse:

      Agradeço a visita e o comentário Noellen.

      Foi como eu disse para uma pessoa quando cheguei: Essa viagem foi um grande incentivo pra mim, pra não desistir quando as coisas ficam difíceis porque a recompensa no final vai valer a pena. Foi uma lição para a vida!

      T+

  4. Coeur de Loup disse:

    Meu deus você tem um blog! não sabia… o_O
    hauhauhauhauahuah

  5. celio disse:

    Maneiro seu passeio. Ainda vamos nos encontrar por essas estradas,, vou continuar acompanhando seu blog e suas aventuras. Fica com Deus.

  6. philipe disse:

    Amigo, como conseguiu este bauleto?

  7. Hugo Leocadio Mansur disse:

    Amigo Stcowboy,

    Estava observando seu blog e achei muito show… tenho uma fazer 250 2014 e me interessei pelo suporte superior e lateral. Você fez ou comprou em algum lugar?

    Hugo

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